
A questão do regresso de José Sócrates à vida activa do PS é apenas uma questão de tempo por isso a questão coloca-se também da seguinte forma. Porque deve um português ser filiado de um partido corrupto?
Esta questão de José Sócrates deve chocar qualquer um profundamente. Não apenas pela sua personalidade de mentiroso compulsivo, arrogante e amoral, nem sequer apenas pelo mal que fez a Portugal, mas choca que a direcção do PS, como outros militantes socialistas, não vejam o óbvio: o ex-primeiro ministro constitui uma mancha no passado e um perigo no futuro do PS, porque corrompe a actividade polÃtica com a sua presença, porque menoriza todos os portugueses no mundo, por terem aceite de forma passiva a sua desastrada liderança e porque põe em causa o PS e a democracia portuguesa.
Por isso, interrogo-me constantemente quais as razões que levam tantos portugueses a prolongar a agonia da intervenção polÃtica do ex-governante. Interesses? Ignorância? Estupidez? Francamente não sei, mas independentemente das razões a questão central permanece, o que levará a direcção do PS e António Costa – o grande perdedor com estas iniciativas – a permitirem que este convite seja real.
O Partido Socialista vive um tempo de grandes riscos, dependente como está de um processo governativo que não controla, prosseguindo por sua conta e risco, ou por vontade alheia dos partidos à sua esquerda, polÃticas desajustadas da realidade nacional e internacional, que têm uma fraca probabilidade de serem vitoriosas. O que, nestas circunstâncias, justifica então introduzir na equação uma bomba-relógio chamada José Sócrates?
As intervenções de José Sócrates e as reacções positivas que provocam, pela dificuldade de explicação, surgem-me também vistas pelo mesmo prisma, como próprias de um manicómio e não de uma sociedade europeia normal.
Finalmente, ainda que a Justiça portuguesa não tenha vindo a ter qualquer apoio dos governos para tratar com a rapidez que o processo Marquês justificaria, os indÃcios acusatórios têm vindo a densificar-se e penso que alguma justiça será feita. Em qualquer caso, quem pode acreditar que se trata de um caso polÃtico, ou que José Sócrates esteja a ser vÃtima de uma cabala? Aparentemente, bastante gente – e é isso que é preocupante, já que José Sócrates, por si ou com todos os advogados que oficial e oficiosamente o acompanham, não fará história digna de ser lida. José Sócrates, mais tarde ou mais cedo, sairá de cena, mas o PaÃs que sofreu e sofre com a sua passagem pela vida polÃtica permanecerá e levará muitos anos a resolver os problemas por ele criados.
Repito o que escrevi antes: não compreendo os militantes socialistas que servem de plataforma às diatribes do ex-primeiro ministro e apelaria a que compreendessem o mal que estão a fazer a Portugal e ao PS ao facilitarem o seu regresso.
