
«O programa ‘Mais Centro’, financiado com verbas europeias, atribuiu a tÃtulo de “subsÃdio reembolsávelâ€, o valor de 137.303€ à empresa Logradouro Lda., de que Catarina Martins era gerente e da qual detinha 50% da quota, tal como o marido, Pedro Soares Carreiraâ€. Jornal “Expressoâ€, 04/08/2018.
«Muito me reprovo e o aprovo tanto quanto outrora aprovei o que hoje me reprovo». Agostinho Silva.
Como tem sido frisado por muita gente, nem no caso de Robles, muito menos no de Catarina Martins, a legalidade dos procedimentos está em causa, o problema, como é evidente, não é de legalidade mas de coerência e de hipocrisia.
Com efeito, enquanto Robles se manifestou um especulador dissimulado e a tentar passar entre os pingos da chuva – se o andar tivesse sido vendido, possÃvelmente, ninguém se tinha apercebido nem falava mais disso – com Catarina Martins o problema é diferente. E é diferente e muito grave por que não é a mesma Catarina Martins que clama sistemáticamente contra a Europa e contra o Euro?
Então proclama e faz campanha sistemáticamente contra a Europa e aceita um subsÃdio dessa mesma Europa e na moeda que ela abomina? Como analogia, faz-me lembrar o cão que morde a mão que lhe dá de comer…
É evidente que se fosse coerente não o faria, não aceitaria dinheiro do ‘inimigo’ nem da sociedade capitalista contra a qual diz lutar todos os dias denodadamente, porque, como me parece claro, isso fere inelutávelmente a sua coerência e honestidade intelectuais.
Para ser franco, ambos os casos são exemplares, o de Catarina Martins, dado que ela é neste momento a dirigente número um do BE, parece-me supinamente grave e bem mais incoerente do que o de Robles, um refinado e rematado hipócrita… entre um e outro, como sou franco, proclamo: não gosto de nenhum pelo que, felizmente, nessas circunstâncias, estou dispensado de escolher…
Rui Graça Moura
