
Thomas Lobel fez um tratamento de mudança de sexo na infância, com apenas oito anos de idade. Com a aproximação da puberdade, as mães do menino, Pauline Moreno e Debra Lobel decidiram que a criança deveria retardar a entrada nesta fase para ter mais tempo para decidir sobre a mudança de sexo.
Tommy, assim chamado pelas mães adoptivas, tomou medicação, implantada no seu braço esquerdo, que impede o alargamento dos ombros, ter uma voz grave e o aparecimento de pêlos faciais. Caso Tommy decida parar de tomar os bloqueadores hormonais, a fase da puberdade será normal e a sua fertilidade não será afetada. Se decidir continuar com a medicação, e se tornar uma mulher, desenvolverá características físicas femininas, como o aparecimento dos seios.
As mulheres admitem que sempre quiseram que Thomas fosse uma menina.
Para a médica psiquiatra Maíta García Trovato, o caso de Thomas Lobel é o de “um menino seriamente perturbado que merece mais que um tratamento hormonal, assistência psiquiátrica. Para ele e para suas duas mães”.
“Que capacidade de decisão pode ter um menino de 11 anos?”, questionou García Trovato.
“Este é um caso significativo do risco que pode correr uma criança ao ser dada em adopção para satisfazer os desejos de um casal homossexual. Somam-se aqui, a ausência de um progenitor de identificação e outro de complementaridade; a falta de compromisso real para confrontar a criação do filho de forma responsável procurando para ele as melhores oportunidades de uma vida plena e a falta de critério das pessoas a quem foi entregue e que optam pelo que lhes parece mais fácil sem questionar o papel que elas estão desempenhando na formação da incipiente personalidade do menino”, acrescentou.
Além disso, precisou que o caso “expõe questionamentos éticos e morais para a equipa médica que aceitou intervir na mudança de sexo de um pré-púbere”.
“São os adoptados e não os adoptantes que ostentam o direito de adopção. A adopção deve ir a favor do adoptado e sendo especialmente cuidadosos com seu bem-estar, independentemente das aspirações dos adoptantes”.
Desde aí, prosseguiu a perita, “que, normalmente, as adoções vão precedidas de um estudo minucioso da capacidade física, psicológica e moral das pessoas aos quais vai se confiar o destino de um menor. Ele já tem bastante desventura por ser órfão como para introduzi-lo em situações desfuncionais e em experiências de qualquer índole”.
Do mesmo modo, advertiu que as mães de Thomas argumentam que admitiram o tratamento “porque existem histórias de transexuais que se suicidaram ao redor dos 20 anos”.
Entretanto, García Trovato recordou a história do canadense David Reimer (1966-2004) , que quando menino perdeu suas genitálias por uma má prática médica, sofreu uma re-assignação sexual e terminou suicidando-se, ao não poder recuperar seu sexo de nascimento.
