
Pensamento do dia: “alguém que me explique”
Alguém que me explique, como se fossemos todos muito burros, ou caso esteja errado, que me corrijam por favor, a seguinte questão:
– relativamente ao caso do Paulo Pedroso, as mesmas crianças, os mesmos jovens e os mesmos testemunhos que foram considerados pelo MP e pelos juízes, como verídicos e altamente credíveis para serem utilizados na condenação do Carlos Cruz, Jorge Ritto, Ferreira Dinis, Carlos Abrantes e do Carlos Silvino, foram exactamente as mesmas crianças os mesmos jovens e exactamente os mesmos testemunhos, que depois foram classificados pelo MP e pelos juízes como não verídicos e não credíveis no caso do Paulo Pedroso?
Foi isto, não foi?
Então para poderem condenar uns, foram dados como credíveis a toda a prova, e para inocentar um outro, foram dados como sendo uns mentirosos e caluniadores?
Então se de facto tais miúdos para o caso do Paulo Pedroso eram uns mentirosos caluniadores, porque não lhes foi movido um processo crime por falso testemunho e por estarem a causar enorme prejuizo a quem acusaram?
Das duas uma: se os miúdos eram mentirosos então por resultado disso, foram condenados e presos alguns inocentes. Mas se falaram a verdade, então parece-me que houve por aqui um culpado que se safou. Ou foi uma situação ou foi a outra.
Algo diferente, que não seja devidamente fundamentado, com a mais absoluta coerência, e bem explicado à nação, pode levar a um sentimento de que estivemos perante uma justiça feita à medida e “à lá carte”. Não digo que tenha sido o caso, mas lá que parece, parece.
Não sou de forma alguma expert em direito e justiça, mas o facto, é que mesmo após todos estes anos, continuo a sentir uma “ligeira sensação”, tipo formigueiro atrás da orelha, de que algo nisto continua a não bater muito certo, ou para o lado de alguns dos condenados, ou para o lado de alguns dos que foram “inocentados”. Digo eu.
Rui Mendes Ferreira
