
À beira dos 60 anos, sou um doente crónico há mais de 12, situação que me obrigou a sair da população activa. Aguardo com a minha mulher, pacientemente, que surjam os netos agora que os filhos ganharam a sua independência económica.
Tornei-me num homem livre quando me dei conta que não podia depender dos media tradicionais para me considerar informado e não ser sistematicamente enganado, e perceber como poderia contornar a “opinião publicada”. Para isso, muito contribuiu o estudo intensivo da história do séc. XX em ordem a perceber os padrões de manipulação de que, por exemplo, Bush Jr. e Obama simultaneamente usufruÃram e expandiram, ajudados pela mesmÃssima media que propagou sistematicamente os interesses do establishment na frente externa quanto no plano interno. Aparte a retórica, as diferenças entre Democratas e Republicanos eram (e continuam) minúsculas.
Até que surge o confronto Trump-Hillary. Hillary que é uma mulher corrupta até à medula, e directamente co-responsável pelas tragédias sÃria e lÃbia e da eclosão da “primavera árabe”, e apoiante da invasão do Iraque. Era o que bastava para aderir ao slogan “Hillary nunca!”. Trump, esse, era uma carta fora do baralho do establishment. Gerou ódios entre os Democratas só acompanhados pelos de muitos Republicanos, inclusive das suas elites que derrotou “fair and square” durante as primárias. Mas o aspecto decisivo para mim foi a reacção histérica dos media que Trump provocou. Rapidamente se percebeu que “aquele que nunca chegaria à presidência” não teria um único “dia de graça”, que o combate seria durÃssimo e que a media seria o principal inimigo do presidente Trump.
Foi por isso que vários familiares meus e alguns “amigos” deixaram de me ler no facebook ou me manifestaram a sua incredibilidade perante o facto de eu apoiar Trump. Aliás, a sua reacção foi tão visceral que levou à criação de uma barreira impeditiva de qualquer conversa sobre o tema induzida pela histeria dos media tradicionais.
Este episódio mais recente sobre os “shitholes”, ilustra bem a técnica que tem vindo a ser seguida: de uma reunião bi-partidária com Trump, um senador afirma que aquele usou o termo “shithole” para se referir a uma série de paÃses (entre os quais o Haiti). Sendo certo que Trump logo desmentiu ter usado aquela expressão e que mais nenhum dos presentes a tenha confirmado, a informação do tal senador (aliás conhecido por mentir com frequência nos relatos que fez noutras ocasiões) foi a que bastou para se tornar uma “verdade” incontestável. Assim sendo, o facto de eu continuar a apoiar Trump (não incondicionalmente, como é evidente) “que trata paÃses assim”, só pode ser sinal da minha degenerescência moral. E tem sido este o mecanismo diário usado desde Junho de 2016 até hoje. Só um homem com muita energia e que acredita no que está a fazer teria estaleca para tanto.
Isto não significa que eu não o critique aqui sempre que toma decisões que eu considere manifestamente erradas, particularmente no plano externo. Mais, não recordo, entre apoiantes, cépticos ou adversários, que alguém lhe faça tantas crÃticas quanto eu relativamente à substância dos seus actos, não à sua retórica que, como sabemos, nada tem a ver com luvas de pelica. Pela primeira vez, temos um chefe de estado e simultaneamente de governo, a falar para que as pessoas o percebam e que tem o estranho objectivo de cumprir as promessas que fizeram parte do manifesto eleitoral. Isto, sim, reconheço, é caso praticamente único.
Meus amigos e estimados familiares: nunca acreditar à primeira naquilo que os media tradicionais noticiam. Eu tenho postado por aqui dezenas de casos de manipulações “jornalÃsticas” que o demonstram à saciedade. Hoje, felizmente, temos múltiplas fontes alternativas que veiculam notÃcias muito mais rapidamente que os meios tradicionais que, no tocante à s notÃcias do estrangeiro, mais não fazem que traduzir (tantas vezes mal) os despachos das agências, já de si infectadas em larga escala, ou, por vezes, acrescentando ainda mais dislates.
Eduardo Freitas
