
Na Venezuela, o governo retirou a independência ao Banco Central e a inflação foi de 700% em 2015. O governo Venezuelano culpa os especuladores e os comerciantes. Na Coreia do Norte, um mau ano agrícola condena dezenas de milhares a morrer de fome. A culpa é dos vizinhos do sul, que até acabam por salvar o norte com os seus excedentes. No Brasil de Lula e Dilma, do campeonato do mundo e dos jogos olímpicos, a economia entrou no 3º ano consecutivo de queda do PIB, pela primeira vez na sua história. A culpa, dizem, é das forças de oposição interna e dos juízes. Na Grécia elegeram o Syriza, desenharam um plano para assaltar o Banco Central, organizaram um referendo para um acordo que já não era válido e acabaram sem dinheiro nas caixas multibanco, com uma economia a desabar e um plano de austeridade ainda maior do que antes. A culpa, claro, é do Euro e da Merkel.
Em Portugal, já sabemos, a culpa será da Comissão Europeia e de Schauble. É também de Passos Coelho que herdou um país na bancarrota e, por qualquer motivo, não o deixou ao nível de Singapura, com bancos sólidos e sem défice público. A culpa será da crise internacional e do Deutsche Bank. Eventos que, por um mecanismo qualquer que nem as ondas gravitacionais explicarão, afectarão mais Portugal do que os restantes países da Europa.
Na Irlanda dos benefícios fiscais às SGPS, das taxas de IRC baixas, a economia cresceu mais em 2015 do que a portuguesa em 14 anos. Em 2016 crescerá mais do dobro do que o fantasioso plano de Centeno inicialmente previa para Portugal. O salário médio líquido é de 2 mil euros, num país que era mais pobre que Portugal ainda no tempo de vida da maioria dos leitores. A culpa disto é só deles.
